domingo, 29 de março de 2009

Espera no veterinário...

(Joana Mota)

Duas senhoras bem -apessoadas encontram-se numa sala do veterinário.

Uma mais perliquitetes apertava nos braços um dengoso gatinho.

A outra mais calmeirona tinha no colo um cão, que se percebia que era cachorro ainda, pois insistia em cheirar e desafiar o gato para brincadeira.

A dona do gato vendo as investidas do cachorro, começou a ficar nervosa, e defendia o bichano das investidas do cão. Não deixava no entanto de lançar uns olhares aterrados à sua parceira, que afagando o lombo do cãozinho, interiormente, ia-se divertindo com a cena!

Realmente a diferença de tamanho era evidente...

A dona do gatinho começou a suspirar, mexendo-se na cadeira e a lançar uns olhares agastados para a plácida senhora do cão.

Esta olhando para o seu cachorro grandalhão e para o gatinho pequenino e fofinho, quiz fazer graça, e diz:

-Não se preocupe, o meu cão já tomou hoje o pequeno-almoço.

Um sorriso amarelo espalhou-se no rosto da dona do gato, que mesmo assim afastou a sua cadeira e não viu o ar de troça e sem piedade da companheira!

Conversa a dois...

(Joana Mota)



Sabes meu filho, vim a correr para a cama, aninhei-me a teu lado, entre os lençóis a cheirar a talco perfumado, para conversar um bocadinho contigo.

Como é bom olhar para ti e saber que saíste de mim!

Não há sensação mais poderosa na Vida, do que a sentida, quando te damos ao mundo!

Achamos que serás uma coisa muito nossa.
Pensamento errado por ignorância!
Temos que perceber cedo, que a nossa missão, é preparar-te para as exigências do mundo. Quanto mais independente te soubermos criar e educar, mais felizes seremos.
Tu e nós.
Tu serás mais forte,
e nós dormiremos mais tranquilos...

Mas neste preciso momento, deixa-me respirar o teu cheirinho a sabonete, ouvir o teu palrar, e...aguentar o apertão que deste ao meu nariz!



segunda-feira, 16 de março de 2009

estes bons momentos!


Uma "crença" da minha neta de 4 anos
A minha filha num momento em que enchia de mimos a Rita, disse:
- Ó minha pequenina porque não fica sempre assim desse tamanhinho!?
e ... outro beijo.
No dia seguinte a Rita diz:
- Sabes Mãe eu cresci.
- Cresceste!?
- Cresci. Ontem quando me fui deitar, lavei os dentes, deitei-me na cama, puxei a roupa toda, toda, para cima da cabeça, tapei-me, estiquei-me com força e cresci. Vês?
Naquela cara estampava-se uma orgulhosa certeza!
Na da Mãe ... um sorriso divertido e mais uma vez pensou:(que idade tão fabulosa!)

domingo, 8 de março de 2009

bem pode esperar...

(J.Mota)



Era ali naquele riacho
que ele gostava de se isolar de todos e de tudo
entregava-se aos seus sonhos
simples e ingénuos
como criança doce.
O que era sombrio
problemático
deixava afundar e seguir no curso do riacho.
Ali na frescura da água e no som do seu cantar
por entre as pedras lavadas
olhar absorto pousado na cana
esperava que o cair da tarde
que vinha em silêncio
lhe matasse a saudade pungente
dos tempos passados
em que as perspectivas e os sentidos
o tinham enchido de ilusões!

terça-feira, 3 de março de 2009

Aqueles serões...

(J.Mota)
A lareira era indispensável
o cheiro a caruma
e da resina das pinhas espalhava-se no ar
enquanto a música baixinha
escolhida a gosto
deliciava.
Jornais espalhados no chão
(leitura obrigatória, logo esquecida!)
O tempo corria
e imprimiu carácter
àqueles serões...

encontro...

(J.Mota)


os pássaros chegavam
e vinham dos ninhos
desciam do espaço
pousavam na mesa de pedra
ela desfazia entre os dedos
o pão ressequido
que espalhava aqui e ali
e era vê-los bicá-los sofregamente.
O cheiro a maresia entrava-lhe na alma
as flores perfumavam a aragem
que fazia bulir as folhas verdes da árvore.
Tudo era feito com tardança
pois ali se enchia da paz
e da doce harmonia
que lhe matizava a Vida!