terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Natal de 2010

Olhei para esta imagem
e encontrei,
toda a força Divina do humano!

Um bébé que nasce,
uma mãe exausta,
e um homem de mãos rudes e calejadas
que em seus braços segura amorosamente
um menino sereno que dorme,
mas que não ia ser só deles!

Aquela familia,
estava designada para nos trasmitir, todos os valores,
para os quais nem sempre estamos preparados!

Tudo... porque ambos souberam dizer "SIM",
a uma missão de dor incalculável!

sábado, 13 de novembro de 2010


Chegou-me às mãos este encantador livro, editado em 1977 pela famosa empresa britânica Frederick Warne &.,Ltd

Peguei nele com aquele carinho e curiosidade, como se mete conversa, com algo motivador.
Que beleza de ilustrações.
Graciosas,
levinhas,
variadas,
com um toque de uma certa delicadeza, diria feminina!
Achei graça à interpretação da sua linguagem.
Chegada até nós do Oriente como hábito de expressar pensamentos e sentimentos, foi-se perdendo nos tempos modernos e apenas nos restam certas formas, que nos fazem decidir nos momentos mais importantes.
Continua no entanto uma certa preocupação, quando queremos oferecer uma flor a alguém.
Não se escolhe a que se nos impõe pela sua beleza.
Pensamos na pessoa a quem se vai oferecer e qual a nossa intenção.
E, aí entra em conta a subtileza na nossa decisão.
Hoje escolhi um raminho de margarida-pequena-amarela.
Que quer dizer: - Vou pensar!

domingo, 31 de outubro de 2010

de Miguel Torga

Sei um ninho
e o ninho tem um ovo
e o ovo redondinho,
 tem lá dentro um passarinho
novo.

Mas escusam de me atentar
nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
e guardar
este segredo comigo
e ter depois um amigo
que faça o pino
 a voar...
                                                   
    Homenagem a esta linda encadernação

Hoje estou decidida.
Vou fixar só os momentos bons da minha vida!
Quero encher-me dessas datas alegres,
e analisar o que elas fizeram em mim!

Aconteceu que não foi possível
separar as datas alegres,
daquelas que foram tristes.
Como num puzzle,
para reconstruir a minha vida no seu todo,
elas tiveram que estar no lugar certo,
sempre patentes cada uma em seu canto!

Por dedução,
importa ambas aceitar.
É exactamente por esse ajuste deliberadamente encontrado,
que com ambas as mãos construi a minha Vida!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010




Fica tudo às escuras.
As vozinhas saudavelmente desafinadas
fazem-se ouvir
em toada esganiçada.
Dentes ausentes daquelas boquinhas
não fazem falta,
nem às pipocas
nem às batatinhas.
O bolo tenrinho de velas acesas aparece,
como por encanto.
Desperta a gulodice das amigas da Rita,
que gritam...gritam...
-Parabéns a você!
A Rita estica os beicitos.
Aguenta a coroa na cabeça.
Concentra-se.
Enche as bochechas de ar.
E... numa só vez apaga a 5 velinhas.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010


estou a deixar que o outono
tome conta de mim
não reajo
ao dia opaco e cinzento
a folha cai baloiçando
na doce dança do tempo esgotado
pousa no banco
num abandono justo
de quem viveu
e cumpriu sua promessa
de nascer na primavera
tenha eu prestado também meu contributo
serenamente
segundo a lei da natureza mãe.

domingo, 10 de outubro de 2010

desapontamento...

                                                                                             (Teresa Ribeiro)

Pobres passarinhos!
Voavam os dois no céu cor de cinza.
Já vinham de longe.
Pousa aqui.
Pousa ali.
Num voar atabalhoado
a insinuar um derriço
subiam e desciam.
Ouvia-se o bater de asas,
e o piar afinado chegava ao ouvido
quando o voo era razante.
Umas pingas grossas
de uma chuva que os assustou,
obrigou-os a pousar nos rochedos
enfeitados de limo
rodeados de algas.
Havia que terminar o passeio.
Desconsolados cada um procurou seu ninho.
E assim terminou aquele voo de enamoramento.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

aconteceu...


Enquanto estou a fazer coisas que não me obrigam a muita ponderação,
como descascar batatas por exemplo, pela minha cabeça passa, como num filme de curta ou longa-metragem, toda a espécie de pensamentos.
Um dia lembrei-me de um desenho que a Joana fez, e, resolvi examiná-lo.
Havia nele qualquer expressão, que me foi familiar!
Aquele cabelo arrumado atrás da orelha!
Uma sobrancelha um pouco desnivelada da sua parceira!
O olhar pousado não sei onde, mas numa mira de que nada lhe escapa!
Uma ligeira inclinação de cabeça!
Um sopro de timidez!
Mas em simultâneo uma contraditória aura de determinação!
Uma natural serenidade!

Fiquei a pensar...
Eu conhecia aquela cara de qualquer lado!?
Conhecia...conhecia!

sábado, 11 de setembro de 2010

A menininha acólita





(Joana Motta)



O sino tocou.
Pela porta aberta de par em par,
apenas dois acólitos empunhando grandes sinetas,
que ecoaram na igreja,
acompanhavam o sacerdote que iria celebrar a missa.
Porquê só aqueles dois estavam presentes!?
Férias?
Calor sufocante?
O rapaz com uns anitos mais,
olhava de soslaio para a pequenita,
que muito séria, com as duas mãos bem firmes, abanava a sineta dourada,
e, toda ela balouçava também que nem badalo!
A celebração iniciou.
Os dois acólitos bem atentos desempenhavam suas funções.
No momento de serem lidas as leituras próprias desse domingo,
não foi o rapaz crescidote que levou até ao padre,
o enorme missal forrado de vermelho carmim.
Elevando com os seus bracitos orgulhosamente erguidos,
a menininha pôs a jeito o livro para ser lido.
Não sei como o conseguiu!?
Mas eu senti um bater de asas,
que desconfio seriam de dois bondosos anjos,
que na sua divina e não visível presença,
ajudaram a pequenita a cumprir sua missão!

                                                       

quarta-feira, 16 de junho de 2010


As sandálias eram novas a estrear.
Azuis escurar.
Em linho.
Com uma fivela no calcanhar.
Reparei, que enquanto estávamos sentadas no banco de madeira,
várias vezes a vi estender as pernas,
e, fixá-las, virando os pés meio de lado, devagarinho!
Onde estávamos não convinha falar,
tinhamos que estar com atenção ao que se estava a passar.
Terminada a cerimónia,
como sempre, fiquei a conversar com a minha amiga Joana.
E perguntei-lhe: - Lembras-te Joana, há vários anos desenhaste a mãe desta neta!
Acto contínuo, a minha amiga, tirou da carteira, um maço de lenços de papel,
pegou numa esférógrafica,
e aproveitando o gesto,
de quem se tinha baixado,
pousado o joelho em terra, para apertar mais a fivela -(julgo eu!)
fez uns rabiscos, para ver se não esquecia a expressão...
Ao fim do dia mandou-me o desenho,
e...eu não consegui deixar de descrever isto!
Uma desenha como quem respira naturalmente.
A outra escreve como...quem não consegue estar calada!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quase tempo de praia.
Voltei costas ao sol,
pois meus olhos ainda húmidos de tantos dias de chuva,
ficaram acanhados como menino em primeiro dia de aula!
Oh! Mas como preciso de sol!
E como gostei de aprender,
a ler, escrever e contar.
Uma luz no horizonte.
Um sopro de inspiração.
O Sol... presente de Deus.
O Saber... vontade de mim!

quando vi o teu desenho
um silêncio inexplicável
foi pouco a pouco
tomando conta de mim.
sabes como quem inspira uma aragem fresca.
recolhi
mansa
melódica
sem vontade de nada mais
senão dissecar o que se passava
bem cá dentro
oculto
como um segredo recente.
essa paz que encontrei
que o teu desenho me pegou
assemelhou-se
talvez
ao ocaso de uma vida que se viveu.

sábado, 27 de fevereiro de 2010



Este desenho colorido,

fantasioso,

quando me foi enviado pela Joana (a autora),

parecia que me desafiava.

Tentou meter conversa comigo.

Senti até uma provocação no seu ar inquiridor

como quem se atreve

a interromper os meus pensamentos.

Fez bem...

estava triste, muito triste!

Olhei-o de frente,

(e sabes?)

deixei que as cores exuberantes dos seus caracois,

esborratasem os meus negros pensamentos,

e atenuassem a desolação que sentia!

sábado, 16 de janeiro de 2010



O lar é um ninho.

Um porto de abrigo.

Abraço que agasalha.

Refúgio que acolhe.

Lareira que aquece,

e se estende à família,

lá tem seu espaço,

aqueles amigos,

que nós escolhemos.

Um lar é o retrato

de quem nele vive,

em todos os cantos,

e sob o seu tecto,

emana uma alma nele criada!

A porta tem chave,

e só roda no ferrolho,

a mando de nossos critérios!

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


Vagueia em meus olhos
um sorriso de espanto,
quando lembro a idade que já tenho!
É dificil acreditar que tanto tempo já passou!
Faço pouco caso da minha mágoa,
quando aninhando em mãos,
tudo aquilo que construi,
sinto que elas são pequenas
para sustentar uma Vida!
É doce reconhecer,
que semeei,
e tudo aquilo que caiu em chão fértil,
já tem dado fruto.

Mas a hora de colher flores ainda passa por mim!
Só não sei até quando!?