domingo, 28 de junho de 2009

Utopia


Eu queria,
com jeitinho pegar no sol
e colocá-lo onde me apetecer...
Ter a certeza,
que amanhã posso projectar uma ida a qualquer lado,
e levar o sol comigo!
Convidar a companhia que eu mais aprecio,
deitarmo-nos confortávelmente na relva verde,
colocar as duas mãos debaixo da cabeça,
e sem necessidade de falar,
(porque o mesmo sentimos)
deixar que o sol nos aqueça,
e por deleite saboreá-lo de olhos fechados.
Há momentos na Vida
em que queremos que dois sejam um só!
E...
consegue-se!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Jardim inventado

Houve um tempo,
em que era fácil ter,
sem rima e sem razão,
uma flor arrancada ao mundo da nossa imaginação!
Julgava eu,
sim,
que o meu mundo secara,
e as flores não passavam de recordações perfumadas!
Afinal, quando Deus criou o mundo,
prevendo a dor de ilusões perdidas,
deu-nos um meio de reaver as flores murchas...
Usar o jeito e a arte que nos legou
e inventarmos o nosso jardim,
sem esperarmos por uma manhã de Primavera!

sábado, 13 de junho de 2009

Coisas da minha neta Rita...


Há dias fui buscar ao colégio a minha neta Rita de 4 anos.
Sempre aos saltinhos,
carregando a mochila cheia de objectos variados,
mas que tinham o valor de autênticos tesouros indispensáveis...
não se calava nem por um segundo!
Ás tantas, arregalando aqueles olhos expressivos
ergueu para mim a sua cara em formato de "bolacha Maria",
e num tom de situação estranha, diz-me:
- Sabe Avó, hoje vi no passeio um sapato sózinho, sem pessoa!
O que me divertiu!
Nada lhe escapa,
tudo a preenche...

mais um encontro com Miguel Torga


Quietude



Que poema de paz agora me apetece!
Sereno,
transparente,
a sugerir somente
um rio já cansado de correr,
um doce entardecer,
um fim de sementeira.
Versos como cordeiros a pastar,
sem o meu nome, em baixo, a recordar
os outros que cantei a vida inteira.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A minha cadela Cuca


Foram 13 anos de uma doce companhia.
Em cachorrinha sempre bem comportada,
inteligente,
meiga,
obediente.
Companheira eficiente de marido e filho caçadores,
nunca deixou de lhes trazer a caça derrubada.
Os netos gostavam dela, porque era muito calma e cautelosa.
Passamos bons serões á lareira
e tinha a habilidade de chegar primeiro,
e escolher o melhor lugar!
Adoeceu.
Sabia que devia honrá-la com um fim digno.
De manhã cedo levei-a ao veterinário de sempre,
e enquanto lhe fazia festas na cabeça,
já com as lágrimas a perturbar-me a vista,
senti o seu fim...