sábado, 25 de abril de 2009

fim de tarde...


Ao entardecer
abria as janelas de par em par.
Logo o vento sem cerimónia,
empurrava as cortinas
que entravam na sala...
e
as hortenses num sorriso aberto,
deixavam-se embalar
por aquele vento leve que trazia cheiro a mar!
Sentado ao piano,
tocava Chopim.
tudo esquecia num deleite apaziguador!
No jardim em redor da casa de persianas azuis,
os vizinhos aproximavam-se,
sentando-sa aqui e ali,
para ouvir aqueles nocturnos,
que se espraiavam no espaço florido,
como marés tranquilas espreguiçando-se!
Eram momentos que não se esquecem...
Nunca!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Saber ouvir...

Há lá coisa mais dificil do que saber ouvir?!
Ser capaz de não abrir a boca
para contrariar.


Encontrar em si a capacidade de reconhecer,
que há verdade no que se ouviu!
Como é dificil...


Então foge-se
com a desculpa de que se vira as costas,
para não discutir...


Gostava se saber
quando serei capaz de olhar nos olhos quem me falou
e dizer:
- Tens razão. Obrigada.


Ainda não findou o dia...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

BOA PÁSCOA...

SALMO 168
Deus de todas as manhãs
e Senhor do entardecer,
Deus do princípio da Vida
e da Hora em que ela mergulha na cor,
no quente,
no silêncio,
na aparência de abismo que fica do outro lado do traço fino
que despede os nossos olhos,
onde o abismo se torna começo
e o poente manhã...
do outro lado do mundo,
do outro lado de nós...
Deus de todas as manhãs e Senhor do entardecer...
meu Senhor e meu Dono...
minha Paz...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Cerimónia do chá


O salão de chá tem uma dimensão certa e posição determinada das tábuas do soalho.
O dono do salão quando recebe clientes,
é ele próprio que põe a água a aquecer no fogareiro (que dantes era a carvão, mas veio sendo substituido por gáz) não chega no entanto a ferver a água.
Sempre com movimentos muito lentos e precisos, primeiro desfaz o chá, que é um pó amarelo vivo, no prato de beiras altas, com um pincel. Então deita aos poucos a água do bule no prato, deixando transbordar a mistura para outro prato de apoio, e, muda novamente a mistura para o bule, Não sei para quê isto!? Será para mostrar fartura!?
Serve então as senhoras, primeiro a mais nova, que vai passando a xícara duma para a outra, até chegar á mais velha, As xícaras são apresentadas com a decoração virada para as senhoras - (suponho que o mesmo procedimento para o homem - ).
Tudo no meio de muita vénia em cada movimento. Quando recebe a xícara, pega-lhe com as duas mãos, olha para a decoração, vira-a para o dono da casa, para mostrar que gostou do desenho. e, depois é que prova, com mais uma vénia de cada um.
Tudo se passa de joelhos, num determinado sítio da sala. Tanto os hóspedes como o dono tomam posição nos espaços marcados no chão pelas divisões do soalho. Reparei que enquanto as mulheres se apoiam no peito dos pés, o homem equilibra-se sobre os dedos dos pés e põe as mãos nos joelhos, com os dedos virados para a parte de dentro das pernas. Tudo muito ... muito lento!
Para os orientais deve ser um bom momento, para os ocidentais tanta demora, dava logo para uma reclamação, ou fugiriam desistindo do chá...
(desenho e descrição da cerimónia do chá feito pela minha amiga Joana Mota)