quarta-feira, 16 de junho de 2010


As sandálias eram novas a estrear.
Azuis escurar.
Em linho.
Com uma fivela no calcanhar.
Reparei, que enquanto estávamos sentadas no banco de madeira,
várias vezes a vi estender as pernas,
e, fixá-las, virando os pés meio de lado, devagarinho!
Onde estávamos não convinha falar,
tinhamos que estar com atenção ao que se estava a passar.
Terminada a cerimónia,
como sempre, fiquei a conversar com a minha amiga Joana.
E perguntei-lhe: - Lembras-te Joana, há vários anos desenhaste a mãe desta neta!
Acto contínuo, a minha amiga, tirou da carteira, um maço de lenços de papel,
pegou numa esférógrafica,
e aproveitando o gesto,
de quem se tinha baixado,
pousado o joelho em terra, para apertar mais a fivela -(julgo eu!)
fez uns rabiscos, para ver se não esquecia a expressão...
Ao fim do dia mandou-me o desenho,
e...eu não consegui deixar de descrever isto!
Uma desenha como quem respira naturalmente.
A outra escreve como...quem não consegue estar calada!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quase tempo de praia.
Voltei costas ao sol,
pois meus olhos ainda húmidos de tantos dias de chuva,
ficaram acanhados como menino em primeiro dia de aula!
Oh! Mas como preciso de sol!
E como gostei de aprender,
a ler, escrever e contar.
Uma luz no horizonte.
Um sopro de inspiração.
O Sol... presente de Deus.
O Saber... vontade de mim!

quando vi o teu desenho
um silêncio inexplicável
foi pouco a pouco
tomando conta de mim.
sabes como quem inspira uma aragem fresca.
recolhi
mansa
melódica
sem vontade de nada mais
senão dissecar o que se passava
bem cá dentro
oculto
como um segredo recente.
essa paz que encontrei
que o teu desenho me pegou
assemelhou-se
talvez
ao ocaso de uma vida que se viveu.